Mensagem

“Eu não vejo o fado só como um estilo musical. Para mim, implica uma atitude, uma forma de estar na vida, um universo cultural. Há muitas coisas ligadas ao mundo do fado. Claro, uma delas é, de facto, a música: a canção que se canta, a poesia que se escreve, a melodia que se cria. Mas o fado não é só uma expressão musical e é isso que lhe traz toda a magia. Não é fácil explicar.”

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

HELDER MOUTINHO | Telejornal Sic Noticias

HELDER MOUTINHO | Expresso Online

Time Out Lisboa | Critíca | Que Fado É Este que trago

Que Fado É Este que Trago? HM/Farol
http://www.timeout.pt/news.asp?id_news=2818

Manager, agente, editor, Helder Moutinho é, acima e antes disso tudo, um grande fadista, dos maiores que o fado nos deu na última década. De voz contida, grave, por vezes a fazer lembrar crooners como os americanos Bing Crosby, Frank Sinatra ou Johnny Hartman...
Mas Helder Moutinho também merece destaque e atenção como autor de excelência, compositor de músicas e, mais ainda, um poeta que escreve para a sua própria voz – neste novo álbum, Que Fado É Este que Trago?, oito dos 15 temas têm letra da sua autoria – e para a voz de muitos outros e outras fadistas.

Como se isto tudo não bastasse, Moutinho é ainda um estudioso e um pensador do fado, do fado antigo e dos fados que se poderão fazer no futuro, não sendo portanto de espantar que este seu terceiro álbum, que quebra um silêncio editorial de quatro anos (o registo anterior, saído em 2004, é o celebrado Luz de Lisboa), seja uma reflexão inteligente sobre a essência do fado e quais os caminhos que percorreu e irá percorrer. E uma reflexão que não se limita à teoria, mas que apresenta exemplos práticos – e musical e liricamente extraordinários, muitos deles – de como se pode renovar o fado tradicional (exemplos: “Perdi-me nos Olhos Teus”, em que Helder Moutinho encaixa na perfeição um poema seu no Fado Mouraria, e “A Cor dos Olhos”, em que a utilização de acordeão e percussões faz o fado conviver naturalmente com o fandango), de como a ponte entre o fado tradicional e muito do novo fado foi feito através do fado-canção (o belíssimo “Esta Voz”, com letra de Moutinho e música do guitarrista Ricardo Parreira, que parece uma homenagem a Carlos do Carmo e à poesia de Ary dos Santos), ou como pode haver boa pop – pop mesmo! – no fado (“À Espera de uma Paixão”, novamente com letra de Moutinho e com música de Yami).

António Pires

segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Sob o Foco - In Time Out Lisboa

Sob o foco
http://www.timeout.pt/news.asp?id_news=2819

Homem de sete ofícios mas sempre com o fado como fio unificador, Helder Moutinho acaba de editar um novo álbum, Que Fado É Este que Trago? É uma pergunta que tem várias respostas mas que podem resumir-se numa só: o seu enorme amor ao fado, ao antigo das vielas de Alfama ou da Madragoa, ou aos outros que aí virão ou que, nele, já convivem com a tradição. Porque o fado até pode ser “maldito” sem deixar de ser possível trocar as voltas ao destino

A primeira pergunta, inevitável, é: afinal, que fado é este que trazes?

Também não sei muito bem. É o meu fado, o fado em que eu acredito. E é todo o fado, desde o tradicional até aos chamados fados-canção e aos originais, que ainda não sabemos muito bem se são fados e que, obviamente, ainda não são clássicos porque são novos, embora um dia possam vir a ser considerados como tal se forem aceites pelo grande público e até pela comunidade fadista. Sei que sou fadista, não caí aqui de pára-quedas, mas no fundo não sei lá muito bem qual é o meu fado.

Neste álbum criaste ou recriaste fados ao jeito tradicional, embora com letras ou músicas novas...

Sim. O “Labirinto ou Não Foi Nada” tem letra de David Mourão-Ferreira mas a música é minha, que eu compus com a estrutura de um fado tradicional, sem refrão. E chamei-lhe “fado labirinto” porque muitas das músicas de fados antigos onde podem caber várias letras diferentes assumem o nome da letra original. Por exemplo, o Fado Cravo, do Alfredo Marceneiro, chama-se assim porque a letra original falava de um cravo.

O tema que dá nome ao disco tem música é do Yami, que é angolano. E há quem diga que o fado nasceu em Angola, viajando depois para o Brasil e do Brasil para cá...

Pois, mas este fado não tem nada a ver com isso. O Yami tem uma particularidade interessante: ele nasceu em Angola, filho de mãe angolana, mas o pai é minhoto. Mas, apesar de na sua maneira de tocar ele ter muitas raízes africanas, ele veio para Portugal muito novo e está muito integrado no meio do fado. Em relação à origem do fado, acho que ele nasce de uma série de outros estilos que se encontram numa cidade portuária, Lisboa. E essas influências vêm de Angola, do Brasil, Índia, Moçambique... E é bom não esquecer os 700 anos em que os mouros cá estiveram. O fado é a convergência dessas melodias todas.

Neste álbum, à semelhança do que acontecia no teu espectáculo Maldito Fado, há instrumentos exteriores ao formato do fado: o acordeão e as percussões.

O Maldito Fado teve bastante influência na génese deste disco de estúdio. Os outros instrumentos não são uma novidade – a Amália e o Carlos do Carmo fizeram-no – mas foi uma experiência que decidi fazer porque são instrumentos vindos de outros géneros musicais. Como se fossem outras perguntas que eu faço.

António Pires

segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

QUE FADO É ESTE QUE TRAGO? NEW ALBUM (2008) Top + Rtp

QUE FADO É ESTE QUE TRAGO? NEW ALBUM (2008)

After a four-year interval, Helder Moutinho returns with a new album entitled “Que fado é este que trago?”, a successor to the award wining “Luz de Lisboa”, released in 2004 (Amália Rodrigues Award 2005).

Produced by António Pinheiro da Silva, with musical direction and arrangements by the young and talented guitar player Ricardo Parreira, the album also features the participation of several musicians from the new generation of Fado artists.

In “Que fado é este que trago?”, Helder Moutinho is our guide on a journey through an imaginary history of Fado. This journey takes us through 15 songs divided into three different stopping places: first we have the classic/traditional Fados, then the Fado-songs/descriptive Fados, and finally the present-day original Fados.

The opening track, after which the album is named, “Que fado é este que trago?” introduce us to the world of one of the three great classic Fados, that together with Fado Mouraria and Fado Corrido represent the classic trilogy of Fado. The song begins with a musical introduction inspired in the Fado Menor, which then merges into an original melody written by the Portuguese-Angolan musician Nando Araújo, aka Yami. The song poetically depicts the different elements that characterize the Fado of the past and the Fado of today, leaving us with a timeless and endless question: “where did the Fado come from, where has it been, and where is it going…”

“Perdi-me nos olhos teus”, with lyrics by Helder Moutinho and using the melody of Fado Mouraria, reveals to us some of the introductions created for this Fado by the most emblematic Fado guitar players throughout the history of this musical genre. Great Portuguese guitar players have created their own unique way of interpreting this Fado, both instrumentally and regarding the musical accompaniment. The history of Fado Mouraria also includes a way of writing that was widely favoured by popular poets between the early 20th century and the 60s.
In this Fado, Helder and his group present us those different interpretations as a tribute to the old poets and instrumentalists; by following the poetic concept that determined the way those poets wrote, but using original words, Helder tells us a story inside the story, as if it was “One more Fado inside the Fado”.

Next, we can hear “Labirinto ou não foi nada”, with lyrics by David Mourão Ferreira and music by Helder Moutinho (Fado Labirinto). If in the past, some of the most important composers have written traditional Fados during their careers, nowadays we can still keep on creating traditional Fados, respecting their structure: quatrains, decasyllables, sestets, quintets, versicles, and alexandrines with melodies without refrain. In “Labirinto ou não foi nada”, we have quatrains in a new traditional Fado.
Our journey proceeds with “A Saudade”, a traditional Fado from the second half of the 20th century, with a poem written in a popular and traditional language, and with music by the guitar player Fontes Rocha.

“A cor dos olhos” was written using the melody of the traditional Fado Artilheiro, an old Fado in terms of its music and lyrics. Performed by the classic Fado trio, in this Fado we can also hear percussions and accordion, challenging the listener with the following question: how many other instruments can we add to the traditional Fado without it losing its whole essence?
In our second stopping place, we encounter Lisbon, muse of the great poets of Fado, and of its traditional neighbourhoods, in two Fados-songs/descriptive Fados: “Rua do Meio”, a Fado composed by Helder Moutinho together with guitar player Manuel d´Oliveira; and “Vielas de Alfama”, a fruitful partnership between Max and Artur Ribeiro. These two Fados take us through Alfama, Madragoa, and Lapa. In “Rua do Meio”, Helder recalls the time when he lived in Rua do Meio à Lapa, next to Madragoa, the neighbourhood where his father was born and raised.

With the eighth track begins the final stop of the journey proposed by Helder Moutinho: a musical walk through the original songs of our time, the Fados of the new generation of composers. “Fado à janela” composed by the young Fado singer Marco Oliveira is the first of this group of six songs; “Diário que me resta” is an original composition by the talented “viola” Diogo Clemente, and “E num segundo” is a theme composed by Luiz Caracol, a member of the pop group “Luiz e a Lata”.

The remaining songs result from collaborations of Helder Moutinho with other musicians of the new generation of Fado, such as the bass player of his trio, Nando Araújo in “À espera de uma paixão”, Miguel Monteiro (“Caixinha de música”), Ricardo Parreira (“Esta voz”), and two further partnerships with the guitar player Manuel d´Oliveira: “Tenho uma onda no mar” and “Nem ventos nem madrugadas”.

Between the album’s opening track, which may be considered as a foreword in a book, and the final song, which may be seen as a conclusion, we can find a question and an answer.

QUE FADO É ESTE QUE TRAGO? O NOVO DISCO (2008)

Depois de um interregno de quatro anos, Helder Moutinho regressa às edições com “Que fado é este que trago”, sucessor do premiado “Luz de Lisboa” de 2004 (Prémio Amália Rodrigues 2005).

Produzido por António Pinheiro da Silva, o álbum conta com a participação de vários músicos da nova geração do fado e tem direcção musical do jovem e talentoso guitarrista Ricardo Parreira, que também ficou a cargo da direcção musical.

Em “Que fado é este que trago”, Helder Moutinho conduz-nos a uma viagem única por uma história imaginária acerca do fado: “de onde poderá ter vindo, por onde pode ter passado e para onde poderá ir”. Uma viagem através de 15 temas divididos em três paragens: nos fados clássicos/tradicionais, nos fados-canções/fados descritivos, terminando pelos fados originais escritos na actualidade.

O tema de abertura que dá nome ao disco, “Que fado é este que trago” introduz-nos ao universo de um dos três grandes fados clássicos: que compõe a trilogia clássica do fado junto do Fado Mouraria e do Fado Corrido. O tema começa com uma introdução musical inspirada no Fado Menor, fundindo-se a seguir a uma melodia original escrita pelo músico luso-angolano Nando Araújo, vulgo Yami. O tema retrata poeticamente os vários elementos que vestem o fado de ontem e o fado de hoje, propondo-nos uma questão infinita e intemporal: “de onde veio, por onde andou e para onde vai (o fado) …”

“Perdi-me nos olhos teus”, com letra Helder Moutinho e melodia do Fado Mouraria, apresenta-nos algumas das introduções criadas para este fado pelos mais emblemáticos guitarristas do fado ao longo da sua história. Grandes guitarristas da guitarra portuguesa criaram a sua própria forma de tocar este fado, tanto na arte instrumental como na arte do acompanhamento.
Também faz parte do percurso do Fado Mouraria uma forma de escrever, bastante concorrida entre os poetas populares entre o início do século passado até meados dos anos 60. Neste fado,

Helder e o seu grupo apresenta-nos este percurso como um tributo aos poetas e instrumentistas
antigos, seguindo o conceito poético de como se escrevia na altura, com palavras originais, contando assim uma história dentro da história, como se fosse “Mais um Fado no Fado”.

A história prossegue com “A Saudade”, um fado tradicional da segunda metade do século passado, com poema em linguagem popular e tradicional e música do guitarrista Fontes Rocha.
A seguir, ouve-se “Labirinto ou não foi nada”, com letra de David Mourão Ferreira e música de Helder Moutinho (Fado Labirinto). Se no passado alguns dos mais importantes compositores vieram a fazer fados tradicionais ao longo dos anos, hoje podemos continuar a criar fados tradicionais, respeitando a sua estrutura: quadras, decassílabos, sextilhas, quintilhas, versículos e alexandrinos com melodias sem refrão. Neste caso, quadras num novo fado tradicional.
“Olhos leais” foi escrito sobre melodia do tradicional Fado Artilheiro, um fado musical e poeticamente antigo. Além de ser executado pelo clássico trio de fado, neste fado ouvem-se também percussões e acordeão, propondo ao ouvinte a seguinte reflexão: até onde será possível adicionar outros instrumentos ao fado tradicional sem fazer com que este deixe de ser fado em toda a sua essência?

Na segunda paragem, conhecemos Lisboa, musa dos grandes poetas do fado, e seus tradicionais bairros através de dois fados-canções/fados descritivos: “Vielas de Alfama”, uma feliz parceria de Max e Artur Ribeiro e “Rua do Meio”, um fado composto por Helder Moutinho e o guitarrista Manuel de Oliveira. Nesses dois fados passeamos por Alfama, pela Madragoa e Lapa. Em “Rua do Meio”, Helder revive os tempos em que morou na Rua do Meio à Lapa, contígua à Madragoa, bairro onde nasceu e cresceu o seu pai.

A partir do oitavo tema, dá-se início a última paragem da viagem que nos propõe Helder Moutinho: um passeio musical pelos originais do nosso tempo, pelos fados da nova geração de músicos que escrevem para fado. “Fado à janela” é o primeiro destes seis temas, composto pelo jovem fadista Marco Oliveira; “Diário que me resta” é um original do talentoso “viola” Diogo Clemente e “E num segundo”, um tema escrito por Luiz Caracol, membro do grupo pop Luiz e a Lata.

Os restantes temas são parcerias de Helder Moutinho com outros músicos da nova geração do fado como o baixista do seu trio, Nando Araújo “À espera de uma paixão”, Miguel Monteiro (“Caixinha de música”), Ricardo Parreira (“Esta voz”), além de duas parcerias com o guitarrista Manuel de Oliveira: “Tenho uma onda no mar” e “Nem ventos nem madrugadas”.
Entre o tema que dá inicio ao disco e que se poderá considerar como um prefácio num livro, e o último, que poderá ser considerado uma conclusão, poderemos ter uma questão e uma resposta:
Que fado é este que trago?

“Que fado é este que trago
No mar alto da saudade
Onde navega a paixão
E onde às vezes naufrago
Com toda a minha verdade
Com todo o meu coração”

"Nem ventos nem madrugadas"

“Não é o Vento do Norte
Não é um fado magoado
Que o fado fala da sorte
E cada sorte é um fado”

CRÉDITOS

Músicos

Trio de fado:
Marco Oliveira: viola de fado
Ricardo Parreira: guitarra portuguesa
Nando Araújo (Yami): baixo acústico

Músicos convidados:
Pedro Santos: acordeão
Kiné: percussões
Manuel de Oliveira: guitarras e arranjos/produção em “A cor dos olhos”, “onda no mar” e “Nem ventos, nem madrugadas

Concepção: Helder Moutinho
Produção: António Pinheiro da Silva
Direcção musical: Ricardo Parreira
Arranjos: Ricardo Parreira com a colaboração de Marco Oliveira e YAMI.
Gravação: António Pinheiro da Silva e Maria João Castanheira
Misturas: António Pinheiro da Silva, Maria João Castanheira e Ricardo Parreira
Fotografia: Steve Stoer

Capa/Designe: Rui Garrido

Edição: HM Música

Distribuição (Portugal): Farol Musica